quinta-feira, 6 de março de 2014

Mundo de Caio - leitura

Estamos na pracinha, onde tem um daqueles quiosques que vendem plantas. Uma planta em especial chama atenção do Caio (3 anos), é uma plantinha carnívora. Ele olha e diz:
    "Olha, essa planta tem dentes..."
    "Quase isso filho, essa é uma planta carnívora, ela come mosquitinhos. O mosquitinho pousa aqui e ela fecha a folha."

Caio, olha para planta, perplexo. No vasinho, tem uma plaquinha, com o preço da muda.
    "Mamãe, olha essa placa. Está dizendo assim: Cuidado que essa planta é muito estranha!"

imagem retirada deste site: http://www.plantascarnivoras1.xpg.com.br/home.html

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Mundo de Caio - personagens

Caio (3 anos) tem alguns personagens recorrentes. Listando:

Thomas, o trem.
Sim, ele é louco pelo desenho do Thomas e seus amigos, mas esse Thomas, é qualquer trem, em qualquer lugar. Por exemplo, toda vez que andamos de metrô, andamos de Thomas. Todos os trenzinhos de brinquedo são Thomas (se for um trem pequeno, é o Thomas bebezinho). E todos eles merecem ser cumprimentados. 
"Bom dia, Thomas."
"Olá, Thomas."
"Vem aqui aqui Thomas. Agora pára." (no metrô)"
E ai de mim se não cumprimentar. 
"Mamãe, dá bom dia para o Thomas!"

A vaquinha branca que dá leite branco de coco.
"Mamãe, você sabia que eu tenho uma vaquinha branca, que dá leite branco?"
"É filho?"
"Leite de coco."
De vez em quando, a vaquinha aparece na hora do café. E de vez em quando vai visitá-lo no quarto.

O Gunga
"Mamãe, cuidado! Tem um bicho!"
"Que bicho? Onde?" (a mãe que morre de medo de insetos...)
"Aqui! Bem aqui!" (aponta para a minha frente)
"Mas que bicho é esse, Caio?"
"É um Gunga, mamãe."
"Um Gunga? Mas como é esse bicho?"
"Ele tem, 3 olhos, 5 dentes, e ele é azul."
"Azul?"
"Com muitas pintas azuis".
"Ele tem pés?"
"Sim, ele tem pés muuuuito grandes igual o papai." (o pai calça 44)
Depois disso, o Gunga já apareceu diversas vezes. Embaixo da coberta, na mesa do café cutucando nossos pés por baixo da mesa...

A Mulher de Cabelo Grande de Cacho
Eu adoro ver o reality show "RuPaul´s Drag Race". Ele já me viu assistindo algumas vezes, e geralmente quando vê que é alguma coisa que não é desenho, não olha muito e fica lá brincando. Mas, parece que a RuPaul chamou atenção dele. Nas palavras do Caio:
"O Caio adora ver Thomas. O Papai adora ver homem-aranha. E a Mamãe adora aquela Mulher de cabelo grande de cacho."
Claro que eu morri de rir. Depois disso, a mulher de cabelo grande de cacho já apareceu no quarto, no banheiro, na mesa do café...(tem até uma drag queen no hall de personagens imaginários! kkk)

A Bruxa que transforma em pessoas em chocolate
Essa bruxa aparece no banheiro e tenta transformar o Papai em chocolate, mas aí o Caio chega e salva ele. De vez em quando, ela aparece o no quarto dele e quer transformar ele em chocolate também, mas aí ele bate nela e expulsa no quarto.
Eu tento dizer que não é legal bater, e ele retruca: "Mas ela é feia!" (Interessante notar que nessa idade, feia e má são sinônimos. Todo mundo que é mau é feio e vice-versa. Tento mostrar que não é bem assim, ele vai pegando aos pouco...mas aí já é assunto para outro post!)

Mundo de Caio - reprodução

"Mamãe, se as irmãzinhas estavam na sua barriga e eu estava na sua barriga, como é que a gente entrou na barriga?"
Segue-se todo um discurso envolvendo uma sementilha do papai, que foi colocada na barriga da mamãe e aí cresceu. Caio (3 anos), pára, pensa um pouco e lá vem nova pergunta:
"Mamãe, eu sou uma planta?" 

O palpite e o julgamento travestidos de recomendação médica ou de "ajuda"

Outro dia estava conversando com uma amiga sobre gordofobia e como ela vem quase sempre disfarçada de argumentos científicos/médicos. "Fulana é muito gorda. Ela PRECISA emagrecer. Porque ela tem que pensar na saúde dela, né?"

Cá pra nós, eu não tenho muito conhecimento de causa porque sou um vara-pau, mas isso me parece uma forma de julgar e criticar sem nenhuma preocupação real com a saúde da Fulana. Até porque é muito mais saudável ser um gordo que come bem e se exercita do que ser um magro sedentário fumante por exemplo.

Esse tipo de julgamento disfarçado, é bem parecido com alguns argumentos que tenho visto ultimamente em fóruns de mães. Alguns palpites e pré-julgamentos comuns:

"Se você dá biscoito maizena para o seu filho é porque você é preguiçosa e não tem saco de fazer o biscoito integral que é muito mais saudável, como todo mundo sabe".
(eu dou, não vejo nada de mais, e faço biscoito integral também de vez em quando. Eu mesma como um biscoitinho maisena todo dia no café, vou proibir meu filho?)

"Se você não faz cama compartilhada é porque está tentando agradar o seu marido, que é um machista e não entende que as necessidades do bebê estão acima das dele, já que todos sabem que criança que faz cama compartilhada dorme melhor". (será? Eu não, fiz e meu bebe nunca teve problemas para dormir. Claro que isso não prova nada, mas como é que se prova esse tipo de afirmação? E ah, sim, meu marido não teve nada a ver com isso não, eu que não quis.)

"Se você quer dar mamadeira para o seu filho porque quer sair de casa um pouco, você não está se esforçando o suficiente já que todos sabem que mãe PRECISA ficar ao lado do bebê 24h por dia, pelo menos até os 4 meses." (eu até fiquei ao lado do meu bebe até os 4 meses 24h por dia. Mas não acho que ninguém PRECISA fazer isso. Principalmente se isso for deixar a mãe infeliz. Muitos melhor dar uma saidinha, ir no salão, e ficar mais calma, do que estar colada no baby estressando ambos!)

Cá pra nós, já passei por vários médicos, venho de uma família de médicos aliás, e já ouvi ouvi sim, médico me dizer que não tem nada de mais usar mamadeira e que em 30 anos de profissão nunca viu um caso de bebe que largou o peito por causa disso. Claro que a recomendação do Ministério da Saúde não é essa, mas como é que se determina o motivo pelo qual um bebe larga ou deixa de largar o peito com tanta precisão? Como é que a gente isola uma variável e não considera outras? (Nota: não estou fazendo apologia à mamadeira, eu mesma usei pouquíssimo com meu primeiro filho. Não usei, porque não vi motivo, não precisei. Mas se uma mãe acha que precisa, porque quer sair, vai viajar, trabalhar, ou seja o motivo que for, quem sou eu para achar que ela é uma mãe pior por causa disso?)

Também já ouvi nutricionista dizer que o polêmico biscoitinho maizena não tem nada de mais enquanto outros profissionais da mesma área dizem que é um grande vilão.

Nas duas vezes em que fiquei grávida, tive obstetras diferentes. Para uma eu podia beber um copo de chopp, para a outra álcool zero. Para uma delas, podia pintar o cabelo (sem amônia), para a outra não. Para uma podia subir escadas e ter vida normal, "gravidez não é doença", dizia ela. Já a outra, me dava atestados e sugeria repouso.

E aí, em quem está certo? Certa, estou eu, gente! Que vou fazer o que for possível, o que for melhor para mim e para o meu filho também. Certo é fazer o que te deixa bem e feliz. (se você estiver bem e feliz, MUITO provavelmente seu bebê vai estar também.)

"Ah, mas eu tenho base científica para estar falando isso (e te julgando no processo)". Gente, não é por nada não, mas os profissionais de saúde dizem muitas coisas. Dizem que não tem risco fazer uma lipo mas volta e meio morre um aí. Dizem que não tem, problema colocar silicone e depois amamentar, mas todas as amigas que colocaram, tiveram dificuldades. Tem uma médica aí, que diz que "existem estudos comprovando" que pessoas que nascem de cesária tem mais tendência à depressão do que pessoas que nascem de parto normal. (Será? E mesmo que seja verdade, o que é "ter tendência" à depressão? Aposto que um gay que nasce numa família que o aceita numa boa terá muito menos tendência à depressão do que um que nasce em uma família preconceituosa, independente do tipo de parto que teve!) Tenho a impressão de que é relativamente fácil achar um médico que te diga aquilo que você quer ouvir. Uma amiga minha que adorava uma certa erva, arranjou uma obstetra que disse a ela que não tinha problemas usar na gravidez. (antes que perguntem, o bebe nasceu super bem, o que não prova, nada. claro). 

Acho importante a gente fazer o melhor que pode. São nossos filhos, a gente tem que se esforçar sim, mas lembrando sempre que o melhor para o filho de uma, pode não ser para o filho da outra. E isso não é preguiça, nem falta de esforço. São pessoas diferentes, cuidando de crianças diferentes, com crenças diferentes e principalmente com necessidades diferentes (tanto da mãe, quanto do filho).

Porque uma pessoa gorda que sente bem TEM que emagrecer? A quem isso incomoda? A questão aqui é parecida. Criticar uma mãe porque ela resolveu que não ia amamentar, digamos, pelo motivo mais criticado do mundo, o estético, incomoda a quem? Será que toda essa gente que critica está mesmo preocupada com o bem estar da criança?

Um pequeno exercício de empatia: para mim, que nunca fui uma beleza-modelo, e nunca dependi disso para conseguir nada na minha vida, é fácil desapegar desta questão estética que envolve a amamentação. Peitinhos caídos não tem essa força toda quando penso no assunto. Mas uma mulher que dependa disso como ganha-pão, ou cuja beleza sempre foi exaltada, ou simplesmente uma mulher que sempre achou que seus seios incríveis eram sua grande arma de sedução, talvez, para essa mulher, ficar com os seios caídos, tenha um peso muito maior do que para mim. Será que ela é uma mãe pior do que eu por não conseguir desapegar disso? Será que em outros aspectos, ela não é uma mãe muito mais incrível do que eu? Não, sei. Não a conheço, tampouco a realidade dela. Por isso mesmo, é que não julgo. Ao invés de brigar e acusá-la de ser uma mãe ruim, quero ouvi-la, já que ela deve ser uma pessoa bem diferente de mim, e quem sabe, ela não tem alguma coisa a me ensinar?

"Se você tem certeza de uma coisa, mas aquela certeza absoluta, é porque provavelmente, é uma mentira."
Oscar Wilde

A mãe-perfeita

Quero ser uma mãe-perfeita! Só que para mim, a mãe-perfeita, é um pouco diferente do conceito de mãe-perfeita que tem se propagado pela internet afora.

A mãe-perfeita não é aquela que necessariamente tem o filho de parto normal humanizado em casa. Também não é preciso amar slings e fazer cama compartilhada. Nem abolir o biscoito maisena. E pasmem, para ser perfeita, também não precisa amamentar com leite materno exclusivo até os dois anos ou mais, e ficar sem beber e comer determinados alimentos durante este período. Ela pode sim, fazer tudo isso se for o melhor para ela, mas não é nada disso que a torna perfeita.

Perfeito mesmo, é conseguir criar filhos sem preconceitos raciais, sem preconceitos de gênero, orientação sexual, ou com qualquer característica que seja diferente deles (diferente do que eles pensam, do que eles são). Gostaria de ensinar a eles, que a gente aprende muito mais com o diferente do que com o igual. Mostrar que eles não são melhores nem piores do que ninguém. E ajudá-los a ter auto confiança o suficiente para não sofrer muito com bullying e pressões variadas do dia-a-dia que detonam a auto-estima de homens e mulheres (de formas diferentes mas em igual intensidade). 

Mas...e se eles não forem nada disso? Bom, então que sejam felizes e só. Perfeito é aceitar e amar o filho do jeitinho que ele é, mesmo que isso seja diferente do jeito que a gente imagina que deveria ser. Mesmo que o melhor para ele, seja diferente do que é melhor para a gente. Perfeito é assumir que a gente não sabe o que é melhor para os nossos filhos. A gente não nasce sabendo e embora seja importante ler e se informar, é ainda mais importante ouvir os nossos filhos, estar atento e aberto a entender as necessidades deles, e saber que nem sempre, essas necessidades são aquelas que a gente imagina.

Mãe perfeita não segue à risca super Nanny, nem a Encantadora de bebês porque sabe que os bebês, assim como as crianças, são seres humanos e que o que funciona muito bem com uma criança, não vai funcionar com a outra. O que é um grande castigo para uma, é inócuo para outra. E o que é fácil e sem esforço para uma, pode ser um grande fardo para outra.

Também não segue a risca recomendações dos pediatras, nutricionistas e psicólogos infantis. Até porque, essas opiniões muitas vezes variam.

Ela ouve tudo, analisa e faz aquilo que ela julga melhor para ela e para o filho, levando em conta a realidade dela, suas limitações e a reação da criança.

Quero ser uma mãe-perfeita assim. Quem quer ajudar? Me ajudar, se ajudar, ajudar nossos filhos a virarem uma geração de seres humanos incríveis e ajudar o mundo todo no processo? VEM GENTCHY! Vamos lá!  Por um mundo com menos intolerância, menos injustiça e mais amor. É piegas, mas é real. E de fato, a humanidade está precisando mesmo ser mais...humana!

Conseguir tudo isso, é praticamente uma utopia, mas fazendo uma rede de energia positiva, com apoio de amigos, familiares e de outras mães, quem sabe, né? Como diz o ditado: a esperança é última que morre.